Opinião | Série A Court of Thorns and Roses de Sarah J. Maas

"Eu atirei-me contra aquele fogo, atirei-me para dentro desse fogo, para dentro dele, e deixei-me queimar."

O primeiro livro trata-se de um reconto levemente baseado na Bela e o Monstro (quem não gosta?!). E o segundo num outro retelling!

Ainda sinto a ansiedade de separação das personagens que conheci na série Court of Thorns and Roses. A garganta ainda está apertada e o coração acelerado.

Porque é uma história de superação e evolução pessoal perante os nossos traumas e aquilo que interpretamos como os nossos sonhos por não conhecermos mais e melhor.

Apesar de estar no limiar de aquilo que é considerado fantasia de Young Adult e New Adult, este tipo de géneros são cada vez mais julgados e inferiorizados por imensos leitores. Até mesmo pelos leitores de alta fantasia.

A realidade é que este género de literatura mais focalizada nos jovens é subvalorizada. Cada vez que leio algo mais direccionado para os mais jovens, quer pré-adolescentes, quer jovens adultos, a mensagem que todos os autores que li passam, é extraordinária e focada em formar adultos com um pensamento crítico e como gerir com o seu "Eu" e todas as consequências que a vida pode trazer. Inserir o jovem nas questões mais relevantes no que diz respeito à nossa própria evolução e aos problemas sociais que atualmente enfrentamos.

Um autor que saiba valorizar o sentimento humano, é um autor que me agarra.

Um autor que saiba ver a realidade das relações humanas, quer amorosas, quer de amizade, quer familiares, é um autor que me tem.

E é aquilo que vejo nesta série.

Feyre Acheron, por ter morto um ser feérico, terá que enfrentar as consequências no mundo desse ser, um mundo que ela desconhece por completo. Mais não dá, vão com esta informação e aventurem-se, porque não se vão desiludir.

Para quem tem um companheiro e que, mesmo ao final de vários anos, sentimos amizade e apoio acima de tudo, todas as histórias de amor real irão tocar. Certamente toca a mim.

A protagonista encontra aquilo que nunca teve por parte da família e quando pensamos que se trata de um relacionamento maravilhoso, à medida que a saga avança olhamos tudo com outros olhos. Que o príncipe não é aquele que nos protege de tudo, mas aquele que está ao nosso lado, que nos dá força e orientação, para os enfrentar. E é fantástico ver a evolução e a reconstrução de Feyre depois de tudo aquilo que passou.

A autora sabe guiar-nos para a direção certa (se bem que há alguns momentos em que sentimos que algo está mal) para depois dar uma reviravolta no enredo e apresenta bem o quanto nós admitimos como certo numa relação, seja ela familiar, amorosa ou de amizade.

Há alguns defeitos como algumas coisas previsíveis e algumas atitudes reprováveis mas que de outra forma não era possível ser de outra forma, porque um dos focos da autora é o defeito humano, que estamos sempre sujeitos a cometer erros.

Escrita bastante simples, construção maravilhosa das pessoas, lugares e sentidos e, por fim, um enredo imensamente interessante fez-me ficar rendida a esta série e à autora.