"Os pais e familiares mais amorosos matam com sorrisos nos seus rostos. Eles forçam-nos a destruir quem somos na realidade: uma forma subtil de homicídio."
My Sister The Serial Killer foi o livro de estreia de Oyinkan Braithwaite e esteve nomeado na longlist do Booker Prize de 2019.
É descrito como um thriller satírico, de humor negro, que retrata a vida de duas irmãs - Korede e Ayoola - e a tendência de uma delas para matar os namorados e da outra de limpar os estragos.
Eu comecei a leitura bastante entusiasmada com a perspectiva de ler um thriller de humor negro e a verdade é que me senti desiludida.
Um livro de ação muito parada onde há capítulos apenas a descrever uma ação corriqueira (como cozinhar) e tentar usar isso para criar um ambiente soturno e até mesmo de suspense, no entanto, foi mal conseguido. Se fosse apenas um capítulo, era capaz de entender, mas estamos a falar de 60% do livro a tratar de situações do dia-a-dia. Houve imensas partes do livro que a autora poderia ter utilizado para inserir suspense ou o facto de Ayoola ter cometido um homicídio mas via-me novamente a ler banalidades que chegaram a não ser relevantes para o enredo.
Este método foi utilizado de forma a retratar a leveza de um homicídio, ironizar a situação ao colocar as personagens despreocupadas. Mas não sinto que tenha resultado.
O livro é narrado na primeira pessoa, pela Korede, uma enfermeira e posso-vos dizer que não senti qualquer tipo de empatia nem por ela, nem por nenhuma das personagens - nem pela aparente "boa alma" da história. Vi uma tentativa de mostrar que a consciência de Korede não está tranquila quando não sentimos nada - nem sim ou sopas.
O enredo é simples e direto assim como a linguagem (há algumas referências à lingua igbo mas nada que não se chegue pela lógica). Há uma intercalação de tempos passado na infância e presente que se acompanha sem dificuldade.
Está muito presente a cultura nigeriana de como o sexo feminino é lá tratado, por mais modernizado que esteja, e vejo isso na educação das pequenas.
Chego à conclusão que, perante aquilo que passaram na infância, enquanto uma poderá ter traços sociopatas, uma certamente o é, até entendo que poderá ser a intenção da autora tentar transparecer isso através das ações mas não senti que tivesse sido bem conseguido. Vejo uma necessidade de protecção por parte de Korede e uma necessidade de aceitação de Ayoola e complementam-se as duas ao uma irmã suportar o que a outra faz. Achei a Korede e a Ayoola completamente desprovidas de remorsos.
Classificação: 2 de 5 estrelas
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