"George Orwell estava errado, pensa ela. No futuro, não será o estado a controlar a sociedade pelo uso intensivo de vigilância; será a sociedade. Farão o trabalho do estado ao estar a fazer upload das suas recentes localizações, interesses, preferências gastronómicas, escolhas de restaurante, interesses políticos e hobbies no Facebook, Twitter, Instagram, e outras redes sociais. Somos a nossa própria polícia secreta."
A Corrente tem o poder de fazer questionar: até onde somos capazes por amor a um filho? Até mesmo fazer outros pais passarem pelo mesmo para a libertação do nosso filho?
O livro é sombrio a esse ponto.
Adrian McKinty baseia-se no método de sequestro de um cartel mexicano para criar um thriller cru e repleto de ação rápida, que nos faz querer saber mais e mais.
Não é pelo dinheiro, é pela Corrente. Este engenhoso plano é um mecanismo infalível em que pais serão obrigados a uma série de provações pré-estabelecidas pelo criadores da Corrente e coloca à prova os princípios de cada indivíduo.
Durante o livro todo questionei-me várias vezes até que ponto é correto estar a torcer por raptores ou se realmente conseguiria chegar à escuridão que envolve o crime em questão, de tão genial está a escrita de McKinty.
Podemos contar com a mãe Rachel, mãe de Kylie, que juntamente com o ex-cunhado, tentam trazer Kylie de volta para casa, enfrentando os seus demónios pessoais mas com determinação suficiente para terminar com o pesadelo.
Até que ponto uma ação condenatória é considerada correta e legítimo aos olhos da justiça e da sociedade?
Qual são os nossos limites para atingirmos o que consideramos o moralmente aceitável?
O que está imposto a um pai biologicamente deverá ser admissível por um outro pai ou qualquer outra entidade?
São tudo questões que este livro levanta.
De leitura bastante rápida, o livro divide-se em duas partes com a perspectiva de vários personagens, narrados na terceira pessoa.
A linha temporal é o presente com flashbacks relativos crescimento de certas personagens. Bem inserido no enredo principal.
Um pouco previsível mas enche a medidas no que diz respeito à escrita e à criatividade.
À parte de algumas discrepâncias é um thriller excelente de ser apreciado mais que não seja pela genialidade da construção da Corrente.
O autor não deixa nada ao acaso nem deixa pontas soltas: introduz-nos à mente de um pai em desespero e à mente de um sociopata.
Classificação: 4 de 5 estrelas
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