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Opinião | As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle de Stuart Turton

"Se isto não é o inferno, de certeza que o Diabo está a tirar ideias."


     Review in english     



Que mistério inacreditável. 

A única razão pela qual não devorei este livro de uma berlaitada só, residiu no facto de exigir muita concentração naquilo que estávamos a ler.

Stuart Turton é um jornalista de viagens inglês e as Sete Mortes de Evelyn Hardcastle foi o primeiro trabalho como autor.

Não vos vou dar uma pequena sinopse, até porque vos aconselho a entrar em Blackheath completamente às escuras. Dou-vos uns pequenos indicadores: várias personagens tentam resolver o assassinato de, como já adivinharam, Evelyn Hardcastle, em Blackheath – propriedade dos Hardcastle, onde desenrola toda a ação.
Até poderia ser um típico livro de Agatha Christie, até porque há uma semelhança com a escrita da mestre do mistério criminal, na escrita de Stuart Turton, que ele próprio é um enorme admirador da autora.



Não posso considerar que este livro tivesse algum tipo de defeito. Adorei tudo.
O enredo teve uma complexidade extraordinária, sem que cause confusão no leitor. Segundo o autor numa entrevista, demorou 2 anos a escrever o livro de forma a que todos os pormenores ligassem no final. Um trabalho árduo, mas compensador porque creio que nunca li algo tão intrincado, mas que, ao mesmo tempo, agarrasse o leitor do início ao fim. 

Quando se pensa que é uma simples história de um simples assassinato, o autor vai largando, pouco a pouco, mais informações que nos deixa com mais questões que respostas. Há um momento em que começamos a ter respostas, mas há sempre alguma pergunta até ao final. Mais que não seja para ficarmos na dúvida quanto a como se vai resolver o imbróglio.

As personagens estão todas magnificamente escritas. O autor conseguiu aplicar bem mudanças de personalidade consoante cada personagem, como as atitudes perante várias situações. Assistimos a crescimento de pensamento em tábua rasa, para uma completa e definida por ideais e uma tenacidade invejável, tal assim o personagem principal. 
Turton consegue enganar-nos bem, e levar-nos por onde quer sem que nos apercebamos do que está a passar, para mais tarde nos dar uma tapa na cara.

Algo que ficou comigo foi a persistência e natureza tenaz de umas das personagens principais, independentemente das situações que enfrentava. A diferença entre aquilo que já nos é natural e aquilo que nos transforma. 

Há sempre alguma essência só nossa que, por mais experiências e educação que a vida impregna em nós. Quero e irei acreditar que se trata da nossa luz, do Bem.

Voltando ao livro, li em inglês (e aconselho vivamente a ler em inglês porque me armei em carapau de corrida em tentar fazer o sotaque – pus todo o britânico na vergonha) e a edição que li tem o mapa da propriedade dos Hardcastle, que foi um excelente auxílio visual para situar os acontecimentos que irão acontecer em simultâneo ou simplesmente por uma questão de ter uma imaginação mais clara e, por consequência, mais realista da história. 

Não é que a descrição de ambientes e locais seja confusa, até porque não o é, mas que ajuda ter um auxílio visual, ajuda.

Dito isto, Stuart Turton ganhou uma admiradora e mal posso esperar para ler a próxima obra dele que irá sair em outubro deste ano, The Devil and the Dark Water.





As Sete Mortes de Evelyn HardcastleAs Sete Mortes de Evelyn Hardcastle de Stuart Turton

Classificação: 5 de 5 estrelas


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