"O bem de alguns coincide com o mal de outros, mas também é válido ao contrário."
A Hipótese do Mal é o segundo livro da série da Mila Vasquez, sendo o primeiro o Sopro do Mal, primeiro livro de Carrisi. A Hipótese do Mal foi a terceira obra publicada por Carrisi.
Por isso dá-se conta de uma evolução na escrita do autor, em especial nos diálogos e relações interpessoais.
Carrisi criou esta obra com base num e-mail anónimo que recebeu em que, cansado e exasperado com a vida que levava, decidiu desaparecer e criar uma nova vida.
Nesta obra, seguimos Mila quando é chamada para resolver um massacre de uma família perpetuado por um homem desaparecido há 17 anos.
Depois daquilo que passou no caso do Sugeridor (Sopro do Mal), Mila tenta seguir em frente com a escuridão, cada vez mais tentadora. Por isso, decide ficar no Limbo - o departamento que trata de casos de pessoas desaparecidas.
O ritmo é lento ao início e pode chegar até a ser confuso com a quantidade de informações e reviravoltas, mas não podemos deixar de ter em mente o quão brilhante e criativa é a mente de Donato Carrisi.
Eventualmente, depois passarmos pelas passas do Algarve com este início, tudo começa a fazer sentido e revela-se uma intrínseca rede de crime organizado.
De relevante salientar que este livro, por envolver exclusões sociais e depressão, torna-se introspectivo sem massacrar o leitor.
Carrisi tem o poder de construir um plot genial, com boa construção de personagens e ambientalização decente.
É sentida a dor crua das personagens que enfrentam a eminente escuridão e daqueles que a atingem.
É-nos introduzida a Hipótese do Mal - uma boa ação poderá levar a uma má repercussão ou uma boa. Tudo depende da nossa decisão consciente ou inconsciente perante tal demonstração. Que, no entanto, não é possível existir o bem nem o mal em absolutos. Nenhum bebé cresce a odiar a mãe. Tudo é-nos incutido, e temos o poder da circunstância de alterar os nossos comportamentos, no entanto, poderão ter uma influência negativa no outro. Tudo é um ciclo e o bem e o mal coexistem e confundem-se.
O livro segue uma linha temporal única no presente e contamos com a narração na terceira pessoa, na perspectiva do colega de Mila, Simon e da própria Mila. As linhas de pensamento são muito bem formuladas e bem explicadas.
Ao contrário do Sopro do Mal carece a quantidade de explicações e factos científicos ligados à ciência forense e psicológica. Estar em carência não significa inexistência logo vemos essa faceta de Carrisi presente.
Carrisi não desilude no final, o crime claro como água e acaba com um plot twist brilhante.
Deixa-nos a penar por mais.
A Hipótese do Mal de Donato CarrisiClassificação: 5 de 5 estrelas
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